sábado, 23 de janeiro de 2016

“QUESTÃO DE TEMPO”


O filme conta a história de Tim, um rapaz que aos 21 anos recebe uma notícia fantástica de seu pai, que ele, assim como todos os homens da família, possui um dom único, a capacidade de voltar no tempo. Basta apenas que eles estejam em um lugar escuro, que fechem as mãos, fechem os olhos e pensem no período ao qual desejam voltar, e pronto. Eles voltarão a essa época. No inicio Tim não acredita muito no pai, mas logo resolve fazer um teste e para sua surpresa, realmente funciona. Mas existem algumas regras a serem seguidas: Tim só pode voltar para uma época que já viveu, ou seja, ele não pode voltar para uma época anterior ao seu nascimento, e depois que esteja no passado, só poderá retornar até o futuro que já havia vivido, antes de viajar ao passado.
O filme então passa a ter uma levada cômica, pois Tim se utiliza desse ‘dom’, para conseguir conquistar uma namorada. Sempre que algo de errado acontece em um encontro, ele volta alguns minutos no tempo e concerta o erro, sempre buscando melhorar, voltando e revivendo tudo novamente, quantas vezes forem precisas, para que tudo saia perfeito. Em um encontro, Tim acaba conhecendo Mary, e se apaixona por ela e claro, sempre se utiliza do seu dom para que tudo saia perfeito.
O enredo do filme sempre vai seguindo essa levada cômica/romântica, criando cenas divertidas e embaraçosas, que logo em seguida são revividas pelos personagens, de forma diferente.
O filme consegue transmitir muito bem as características de cada personagem, consegue passar bem a relação de Tim com a família, com a namorada, com os amigos e o telespectador acaba se identificando em muitas das situações vividas.
Tim e a namorada noivam, se casam, tem filhos. Todos esses acontecimentos são detalhados no filme, e claro, sempre revividos e concertados por Tim, para que tudo saia perfeito. Até que no aniversário de sua filhinha, a irmã de Tim sofre um acidente de carro e ele retorna no tempo, para reviver esse momento e assim, salvá-la. Ela é salva, mas Tim descobre que a irmã só sofreria o acidente, porque havia brigado com o namorado e bebia muito. E ele percebe que a irmã está infeliz, que a única forma de ajudá-la de verdade, é fazendo com que ela perceba que precisa mudar de foco. Largar o namorado, arrumar um parceiro melhor, parar de beber, se manter em um emprego. E ele decide mostrar isso a irmã, voltando no tempo mais uma vez, e deixando que o acidente aconteça, para que ela possa refletir sobre tudo isso enquanto se recupera do acidente no hospital.
O filme se segue com mais algumas cenas engraçadas, mostrando como a irmã de Tim mudou de rumos na sua vida, conheceu outro namorado, se casou e teve até um filho, assim como Tim, que também teve outro filho. E então o filme vai chegando ao seu fim, quando Tim recebe uma ligação da mãe, dizendo que o pai está com câncer e está muito doente. Todos vão até lá visitar o pai de Tim, que então resolve dividir outro segredo com o filho. O pai de Tim lhe diz para que o filho viva os dias sem concertá-los, que os viva, como deveria viver, sem voltar no tempo e concertar o que quer que seja, e então, quando o dia chegar ao seu fim, que Tim retorne e o reviva de novo, mas sem alterar nada, mas que ele repare no que não tinha reparado, que ele aproveite o que não tinha aproveitado, e que o faça com gosto.
No último ato do filme, o pai de Tim vem a falecer, e Tim, com saudades, sempre volta no tempo, no seu último encontro com o pai. E quando a saudade bate, ele volta mais uma vez, e outra, e outra. Até perceber que não pode viver isso sempre, que precisa seguir, que a morte deve ser encarada. Ainda mais quando a esposa de Tim propõe que eles tenham mais um filho, e acontece que se ele voltar no tempo sempre, pode ser que mude algo sem querer, e um milésimo de segundos, pode ser suficiente para que o espermatozóide a fecundar o óvulo de sua esposa, seja outro, e assim, seu filho poderá nascer outro. Então ele percebe que não pode mudar tudo, que precisa seguir e viver como uma pessoa normal.
A partir desse dia, Tim não pode mais voltar para ver o pai, e inclusive, abre mão de viver o mesmo dia duas vezes, como o próprio pai o havia aconselhado, Tim passa a viver o dia apenas uma vez, e ao invés de voltar e concertar algo, ele passa a já tentar fazer tudo certo, sabendo que, se caso ele não possuísse esse ‘dom’, só teria apenas uma chance. Então ele passa a viver seus dias, como se fossem únicos, como se não existisse a oportunidade de mudá-los, como se fosse o último. Ele se doa ao máximo, para que tudo seja perfeito, se empenhando para isso, com afinco. Ele deixa de voltar no tempo e passa a viver como todas as outras pessoas, vivendo uma única vida, apenas uma vez, correndo o risco de errar, de não conseguir, mas dando o seu máximo, para que o dia seja perfeito.

CONSIDERAÇÕES:

O filme trata, obviamente, da teoria do caos, teoria das cordas e aborda temas de reflexão, como: se possuísse o poder de voltar no tempo, o que mudaria? Usaria esse dom para quais finalidades? Se beneficiaria? Além de mostrar que mesmo possuindo o dom de controlar o tempo, não temos controle sobre a morte, por exemplo. É um filme suave, romântico, engraçado e ao mesmo tempo filosófico. Filosófico, porque como dizia o filósofo Heráclito, bem 'traduzido' em outras palavras por Lulu Santos: 'nada do que foi, será de novo do jeito que já foi um dia'. O filme pode demonstrar para alguns, algo encarado como o segredo da vida: viver sem medo, viver intensamente cada momento, compreender que erros e acertos fazem parte da trama diária e nos oferecem igualmente experiências valiosas.

REFERÊNCIAS:


About Time, Quetão de Tempo (BR). Com duração de 123 min, Lançado em 2013. Dirigido por Richard Curtis e Distribuído pela Universal Pictures.
R.S.Boning

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