Uma coisa que
eu andei percebendo, as pessoas são preconceituosas demais!
Mas o
preconceito que quero falar aqui hoje, é o preconceito sobre tudo o que é
nacional. Antes de qualquer coisa eu quero dizer: “Eu entendo você”. Eu
realmente entendo, também já fui um preconceituoso quando o assunto é produto
nacional, principalmente quando o produto envolve cultura.
Uma coisa que
aconteceu não só no Brasil, mas também em outros países do mundo, foi a
americanização. Os super-heróis são americanos, exibindo a bandeira do EUA na
sua roupa: azul, vermelho e branco. Capitão América (Olha o nome), Super-Homem,
mulher maravilha, Homem-Aranha, etc... até a lua foi americanizada. Não posso
apontar o dedo e dizer quando isso começou, eu acho que até sei, já ouvi algo
sobre isso na escola, mas não me lembro. O que eu estou querendo dizer e onde estou
querendo chegar, é que o povo fica dizendo: “não vou cair no sistema, não vou
cair no sistema”, mas você não vai cair, porque você já está dentro dele. Caiu
há muito tempo. Vamos a alguns testes:
1º olhe para a
sua coleção de CD’s, DVD’s e Livros, conte quantos deles são internacionais
(americanizados) e quantos são nacionais.
Agora você
deve estar dizendo a si próprio: “É claro que só sigo tendências
internacionais, o Brasil é uma bosta”. E eu respondo: NÃO! O Brasil não é uma
bosta, nós o nomeamos assim, e é assim que os americanos querem que enxergamos
nosso país. Eu confesso que não sou um brasileiro exemplar. Não gosto de
carnaval, praia, calor. Mas isso não faz de mim um americanizado, porque são
questões físicas. Todos tem direito de gostarem mais do frio, preferirem
piscina e não gostarem de carnaval. Mas ai entra uma questão importante, a
ACEITAÇÃO do oposto. Eu não gosto de carnaval, mas aceito e respeito quem
gosta.
Você curte
rock? Ai vai dizer: “Ouvir rock nacional? Restart? Fresno? Cine?” Não! Mas tem
banda boa. E se achar que não está bom, monta uma banda e faz o som que achar
bom. Porque o brasileiro é assim, fala que está ruim, mas não faz nada para
melhorar. “Ai o do Brasil é ruim, vou consumir o da America”!
Vou citar algo
aqui que explica bem como preconceito funciona:
Um dia fui
passar as férias em uma praia junto com a minha família, e sabe como é essas
coisas, chega a hora de comer, falta prato, colher, copo. É normal, família
muito grande. Então todos foram comer de uma só vez, e acabou faltando pratos,
mas minha irmã queria muito comer, o que ela fez? Colocou comida dentro de um
copo. Agora se imagine comendo feijão, arroz, macarrão, tudo dentro de um copo.
Deu nojo, não é? Eu também senti nojo quando vi, e foi nesse momento que eu
percebi como funciona o preconceito. Qual a diferença de um prato para um copo?
O prato é raso, enquanto o copo é fundo. Só isso, essa é a única diferença, mas
dentro da nossa cabeça está registrado que devemos comer com o prato, qualquer
coisa diferente disso é nojento. Você comeria dentro de uma tigela, ou de uma
panela, mas não dentro de um copo. Não tem nada de errado com o copo, o
problema é a nossa cabeça. Somos preconceituosos até com o copo, imagine com
cor, religião, raça, opção sexual, se possui tatuagem, se curte funk, se curte
rock.
Mas deixe-me
chegar onde queria desde o começo desse texto: A literatura brasileira. Eu fui
um preconceituoso a minha vida inteira, quando o assunto era literatura
brasileira. Eu não entendia nada dos livros, lia Machado de Assis e pensava:
esse cara é louco? Não consigo entender nada desse livro. E eu realmente não
entendia, não entendia porque era um ‘tapado’. Se você não der uma chance para
cada nova experiência, será um tapado como eu fui por longos anos. Hoje eu até
sei que não entendia na época, porque era novo demais, não conhecia aquelas
palavras difíceis, mas agora tenho maturidade suficiente.
Como
conclusão, não apenas querendo defender a minha obra (AS PEDRAS DE ADÃO), mas a
literatura brasileira em um todo, queria pedir que lessem mais livros
nacionais, que dessem uma chance a essa nova experiência. Tem muito livro
nacional que é estupendo, autores fantásticos. O mercado literário brasileiro
está com os leques abertos para cada público, basta pesquisar. Vamos tirar esse
cabresto que nos prende à cultura internacional e valorizar o nacional. Leia,
critique. Se não estiver bom, faça melhor. É assim que um país cresce. Não se
acomode. Todo mundo gosta de ler, mas não escreve. Gosta de ouvir musica, mas
não aprende a tocar um único instrumento se quer. As pessoas esperam tudo
pronto e mastigado, mas reclamam quando está ruim.
Parem de comer
no prato, desafiem o sistema e experimentem o copo. Se alguém fizer cara de
nojo, manda fazer melhor!
Leiam As
Pedras de Adão.
R.S.Boning.