segunda-feira, 19 de maio de 2014

Desabafo Desgostoso da Realidade

   Acabei de ler os cinco capítulos finais do meu terceiro livro, que também é o final da trilogia de As Pedras De Adão: Os Versos Andreais. E gostei muito do que li, me senti um espectador da minha própria arte. Quando termino um livro eu não consigo acreditar que eu escrevi tudo aquilo, que todo aquele mundo novo surgiu da minha mente, que cada palavra foi pensada minunciosamente. Que cada letrinha (E são muitas) foram digitadas pelos meus nada ágeis dedos. Eu seguro aquele tijolo feito de páginas nas minhas mãos, mas não dá pra acreditar que eu fiz... Quando começo, penso que não serei capaz, mas então escrevo e tudo flui tão naturalmente. Eu não sou um ótimo autor, talvez nem mesmo seja bom autor. Meu livro nem é um bom livro. Mas eu amo o mundo que criei. Bolivar, Àpuros, Orug: são cidades fictícias que adoraria visitar fisicamente. Adoraria lutar uma batalha contra os Viquingues ou Ascos. Adoraria controlar As Pedras de Adão. Eu nunca escrevi e lancei um livro pensando em ficar rico e/ou se tornar um best-seller. Não me sinto superior a ninguém por ter feito isso. Porque todo mundo tem vários livros à escrever, só não sabem como começar. Mas eu fico feliz comigo mesmo, e viajo no meu mundo. Eu sou maluco, eu sei. Muitas pessoas pensam isso de mim. Mas cara, sou um maluco beleza. Viajo sem nenhum tipo de droga (apesar dos livros serem viciantes), eu faço isso. Viajo pra um lugar que eu criei dentro da minha mente, onde todos os meus personagens existem. Onde, apesar de muitas loucas ocorrerem, existe ordem! Eu sou maluco, eu sei. Eu sou maluco, mas sou feliz. Imaginação não é prisão, é liberdade, pra criar mundos, pra viver sua vida e dividi-la com quem se ama. A cada livro eu vivo uma vida diferente, a cada livro eu morro e renasço várias vezes. A cada livro eu aprendo que tudo isso REAL, é assustador. Tele Jornais me assustam, corrupção me assusta, desamor me assusta, abandono me assusta. E então dizem: Rondi, mas a vida é assim, o mundo é assim. Essa é a realidade.
   Isso é realidade? As noticias que vejo na TV são reais? O rumo que a politica do Brasil leva é real? As loucuras no transito, mendigos na rua, assaltos, bala-perdida, hospitais aos ratos? Isso é a realidade? E se eu não quiser aceitar isso? Posso lutar sozinho contra isso? Como consigo mais soldados para minha batalha? Eu sou maluco?
   Eu vejo os problemas do mundo sim! Fico trancafiado atrás de livros? Sim, eu fico. Fujo da realidade? Sim, eu fujo. Porque não sei como lutar contra isso. Não mais sozinho. Eu não aguento só. Então eu me perco em um labirinto com mais saídas, do que a própria realidade. Porque eu já estou tão louco, que não consigo aceitar que uma pessoa mata uma criança pra ficar com uma herança. Que um país gasta bilhões para construir um estádio de futebol, enquanto nossas crianças registram 'ignorância' em seus cadernos, enquanto as pessoas anseiam a morte em corredores de hospitais. Eu queria poder ajudar, eu queria poder fazer algo que mudasse tudo. Queria que o bem vencesse no final, como nos livros. Mas o problema não sou eu. Aliás, o problema é muito maior. Eu poderia escrever um livro falando somente disso.
   Eu não sou um acomodado, sou um desertor desse mundo. Eu vivo muitas mentiras, mas não sou um mentiroso. Sou mais vencedor em escolher uma realidade alternativa, do que viver programado e seguindo normas de uma sociedade falida, que também lhe empurra a mentira e de certa forma uma realidade forjada e feliz guela a baixo. E se talvez pensem por um instante que minha vida está sendo desperdiçada. Eu vejo como investimento. Aliás, ao pensar na morte, penso no que levarei daqui, se não apenas o conhecimento deste teste celestial. Esse é o grande ensaio, pra algo muito maior. Alguns têm papéis importantes, mas estão cagando tudo. Enquanto fico a margem desse rio chamado vida que corre, posso observar, e como bom observador aprendo. Fico em cima do muro, enquanto homens que se dizem sábios querem derrubá-lo, para conseguir mais território.
   Tudo isso que escrevi, veio apenas dos cinco últimos capítulos do meu terceiro livro, que me fez refletir. Talvez nem eu mesmo entenda do que tudo isso se trata, mas no momento em que eu escrevia, faziam muito sentido. Mas como a cada segundo aprendo algo novo que muda tudo, talvez tudo isso dito acima não faça mais sentido. Talvez agora eu vá para uma 'balada', me entupa de tanta vodka, esqueça de todos meus compromissos. Talvez eu roube um carro, talvez eu aprenda a dirigir em segundos, talvez eu fuja com uma funkeira, talvez façamos amor na praia, talvez eu durma até anoitecer, talvez eu seja imprudente e faça tudo isso que não condiz com o meu caráter atual. E talvez assim eu seja visto como "Normal". E não um maluco beleza. Talvez eu me mude para Hollywood e faça filmes ruins e com baixo orçamento, o que é bem mais a minha cara. Talvez eu me apaixone por uma gótica americana que me ensine a falar inglês e me dê dois filhos gêmeos e o direito a nacionalidade estrangeira. Talvez eu seja feliz.
   Mas enquanto a realidade for Real, enquanto o futuro ainda for um nítido TALVEZ. Eu serei eu! O viajante (sem drogas), R.S.Boning.
Obs.: Não revisarei esse texto, nem mesmo irei corrigi-lo. Desconsidere todos os possíveis erros (se é que você leu até o fim). Se você leu até aqui, comente o seguinte comentário: "RatunaMatata".

    Nem era pra ser um texto. Era para ser apenas um post com uma carinha feliz dizendo: "Lí os cinco últimos capítulos do meu livro, estou feliz". Mas se tornou isso, esse desabafo desgostoso da realidade.


R.S.Boning.