O livro nos apresenta August Pullman, que é
mais conhecido como Auggie, um garoto que nasceu com uma doença rara. Trata-se
de uma síndrome genética que lhe causou uma séria deformidade no rosto quando
ele ainda estava no útero de sua mãe. Por conta disso, desde muito pequeno,
teve que ser submetido a várias cirurgias e cuidados médicos extremos.
O inicio do livro é narrado pelo próprio
garoto que tenta se descrever para nós, dizendo que, como nasceu com lábios
leporinos, possui uma grande cicatriz sobre a boca que é meio puxada, fazendo
seus dentes aparecerem mesmo com a boca fechada. Uma de suas orelhas fica quase
na sua bochecha, devido às várias cirurgias e plásticas que fez para acertar
sua deformação. Um de seus olhos é bem fechado, enquanto o outro é mais aberto.
Sua cabeça possui falhas em alguns lugares, onde não nascem cabelos. E ele
completa dizendo que por mais aterrorizante que poderia tê-lo imaginado, sua
aparência é bem pior do que isso.
O interessante da história, é que, devido
Auggie narrá-la no inicio do livro, o leitor acaba se afeiçoando a ele e o fato
dele contar como sofre preconceito das pessoas antes mesmo de conhecê-lo, como
as pessoas se assustam com sua aparência, como fazem aquela típica expressão de
pena ou nojo. Como as pessoas são superficiais, sendo capazes de julgá-lo pelo
o que o seu rosto mostra e não quem ele é de verdade. E o principal, julgam-no
sem ele ter culpa alguma de ter nascido dessa forma.
A história se inicia de verdade quando Auggie
resolve ir à escola. Auggie nunca havia frequentado uma escola antes. Sua mãe
era a responsável por suas aulas... até agora. Quando chega o momento disso
tudo mudar, ele tem plena consciência de que não será nada fácil começar o
quinto ano em um colégio, onde terá que lidar com outras crianças. Auggie terá
como tarefa, provar a todos, que apesar de possuir um rosto diferente, ele é um
menino com sonhos, desejos, como qualquer outro.
A partir daí, a narração do livro passa a ser
intercalada entre Auggie, seus familiares e amigos. Dessa maneira o livro
passou uma visão bem ampla de tudo que acontecia ao redor. O interessante, é
que às vezes julgamos um personagem (como a irmã mais velha de Auggie, que
tratava o garoto com certa rejeição), mas quando ela narrava a história,
explica que não daria preferência a Auggie só pelo fato dele ter nascido assim,
que ela o vê como uma pessoa ‘normal’, que ela não o rejeita e sim que somente
não tinha pena dele como as outras pessoas. Ela sabia que ele era especial, mas
o pior já havia passado e ele sabia se virar, não precisava de todos rodeando-o
como se fosse feito de porcelana. Ela também conta como ela foi rejeitada pelos
pais quando o irmão nasceu, a atenção era toda para ele. Ela foi esquecida e Auggie
ficava com todo carinho, atenção e amor dos pais, enquanto ela teve de crescer
e se adaptar. Mas que amava o irmão mais do que tudo.
Quando o garoto vai para escola, três colegas
passam a tratá-lo muito bem, ele é recebido como um rei. Eles conversam com
ele, lhe dão atenção, oferecem ajuda nas tarefas, lhe acompanham na hora da
merenda. Auggie nunca tinha imaginado que seria tão bom assim, que faria amigos
tão facilmente. Eles parecem nem mesmo notarem sua deformação. Tudo vai bem até
ai.
Como estava perto do Halloween, a professora deixou
que os alunos viessem fantasiados na aula do dia seguinte. Auggie contou aos
amigos que iria fantasiado de Darth Vader de Star Wars.
Quando o dia seguinte chegou, Auggie não achou sua fantasia de Darth Vader para
ir à escola e então pegou uma que se parecia com a morte e que tinha usado no
Halloween passado. Ele esperou que os amigos descobrissem quem era ele. Auggie
se sentou ao lado deles e não disse nada e então ouviu um deles perguntar aos
demais se Auggie não iria vir, pois tinha dito que viria fantasiado de Darth
Vader e ainda não tinha chegado ninguém assim. No que outro responde que espera
que ele nem venha, pois não aguenta mais ficar andando com Auggie só pelo fato
do diretor ter pedido. E outro fala que tem nojo de comer com ele na hora do
recreio e que ficar olhando sua deformação lhe dá náuseas. Outro ainda diz que
deve ser bom para Auggie ter um dia para vir de máscara e não precisar mostrar
a cara feia. E o último completa dizendo que se tivesse um rosto como o de
Auggie, se mataria.
O
menino sai correndo, chorando e vai para casa. Ele finalmente entendeu porque
todos o tratavam bem, porque o próprio diretor lhes pediu para que fizessem
isso, mas agora sabia o que pensavam de verdade sobre ele. E isso doía muito.
O
menino decide nunca mais voltar à escola e sofrer novamente esse tipo de humilhação.
Ele não precisa da piedade das pessoas. Ele só queria ser visto como alguém
normal, pois não tinha pedido para nascer assim. Ele se deprime, não conta a
ninguém o que aconteceu ou ouviu, mas diz a mãe que não deseja mais voltar para
aquela escola.
A
irmã de Auggie não entende o porquê de o irmão estar assim, mas resolve
conversar com ele e sondá-lo e aos poucos o garoto conta tudo para irmã, o que
ouviu e como aconteceu. E ela lhe diz que ele não pode desistir de tudo por
conta daqueles seus falsos amigos babacas, que o fato dele ir à escola deve
beneficiar somente ele mesmo. E que os outros são somente os outros. Ela lhe
fala que os falsos amigos não sabem que ele ouviu tudo aquilo, então ele tem a
chance de voltar a escola e se vingar de todos, ignorando-os. Ele não precisa
da amizade deles, mas eles sim, devem isso ao diretor. Ela propõe que Auggie
volte e dê o seu melhor, por ele.
Auggie
volta para a escola e faz como a irmã lhe disse: ignora todos aqueles que
zombaram dele. E então, um dia sentado no refeitório da escola, uma garota se
aproxima e pergunta se poderia se sentar com ele (ninguém nunca senta na mesma
mesa que Auggie se senta). Auggie logo a questiona se foi o diretor que a
mandou ali para fingir lhe dar atenção e ser amiga dele. No que a garota
responde que não, que ela foi porque quis, que o refeitório estava muito cheio
e a mesa dele era a única vazia. Que ela tinha acabado de descobrir a traição
de suas amigas e não tinha ninguém para conversar. E os dois começam a
conversar, e a partir de então passam a sentarem juntos todos os recreios. Certo
dia eles estavam conversando sobre sonhos, o que mais desejavam e ela pergunta
o que Auggie mais deseja no mundo todo. No que ele diz que queria que as
pessoas fossem vistas como são de verdade e não fossem julgadas pela sua
aparência e que, dessa forma, ele pudesse um dia ser aplaudido de pé por muitas
pessoas, pelo o que ele é de verdade.
A
história se segue, os dois sempre juntos. Um dos antigos amigos de Auggie vem
para lhe pedir perdão, por ter falado coisas ruins dele nas suas costas. Mas
que ele quer mudar, que gostava da companhia do amigo e que sente falta dele,
se eles não poderiam voltar a serem amigos, dessa vez sem interesses. E Auggie
o perdoa. Eles passam a ser três na mesa e esse número vai aumentando a cada
dia, sempre que uma pessoa conhece Auggie de verdade.
O
ano termina e como é costume na escola, o diretor faz uma reunião com os
alunos, pais e professores, como se fosse uma pequena formatura dos alunos, na
sua passagem para a nova turma. E o diretor dá medalhas aos alunos que tiraram
as melhores notas, aos que tiveram o melhor comportamento, aos que faltaram
menos, entre outros. E então ele cria uma nova categoria, uma medalha ao aluno
mais corajoso, que passou por cima de todas as suas limitações para alcançar
aquilo que deseja. Nesse momento ele chama Auggie ao palco e lhe entrega uma
medalha. Nesse instante o garoto olha para todos na platéia e todos se levantam
e o aplaudem de pé. Auggie realiza o seu sonho e chora de emoção.
CONSIDERAÇÕES:
A história de
Auggie é mais comum na nossa realidade do que imaginamos. A sociedade é cruel,
as pessoas são cruéis. A "perfeição" é quase como uma regra. Se
alguém não está dentro desse padrão, pode vir a sofrer, e muito. Enquanto lia
esse livro eu ficava o tempo todo me chamando de idiota, por lembrar quantas
vezes zombei dos meus colegas de escola pela sua aparência (por serem gordos ou
magros demais, por terem orelhas, nariz ou dentes grandes demais). Esse livro
trata da ética (ou falta dela) na escolar e no meio social. O livro é tocante e
muito atual, abordando o tema Bullying ao extremo. Fazendo o agressor se
colocar no lugar do agredido.
REFERÊNCIAS:
Palacio, R.J. Wonder,
2013. Publicado no Brasil em 2013, pela editora Intrínseca com o título ‘Extraordinário’,
tradução de Rachel Agavino. 1ª Edição.
R.S.Boning
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