quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Educação, a excelência de um futuro próspero


Conviver com o outro, com as diferenças, ter uma boa relação com as outras pessoas, com a natureza e com tudo que lhe rodeia, adaptar-se, ceder, perdoar. Se a vivencia de uma família composta por três, quatro, cinco, dez pessoas, não consegue ser sempre harmoniosa, dentro de quatro paredes. Então como conseguir alcançar um bom convívio com os seus vizinhos, com os moradores do seu bairro, com as pessoas da sua cidade e estado. E indo ainda mais longe, como viver bem no seu país, convivendo com todas as diferenças, com esse misto de culturas, cardápios, gostos, musicalidade, danças, moda, estilo de vida? E um país, sua pátria, já sendo grandioso demais para se tentar imaginar uma boa convivência, te desafio a encontrar uma ‘receita mágica’ para tentar conviver bem com um mundo todo, composto por quase 8 bilhões de pessoas. É, talvez seja mais fácil começar em casa.
Em 1999, a Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI - UNESCO, coordenada por Jacques Delors, criou um relatório em forma de livro com o título: “Educação: Um Tesouro a Descobrir”. O propósito desse relatório nunca foi encontrar a ‘receita mágica’ do bom convívio humano, mas sim os conceitos fundamentais da educação, ou como são conhecidos: “Os Quatro Pilares da Educação”. Que são eles: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver com os Outros e Aprender a Ser. 
Existe uma frase que diz: “A educação não muda o mundo, quem muda o mundo são os homens, a educação só muda os homens”. Usando a lógica já aprendida em filosofia e analisando as duas primeiras premissas da frase, é possível deduzir uma conclusão: “A educação muda sim, o mundo”, mas o mundo é formado por pessoas, e é necessário mudar as pessoas. E é ai que surge o primeiro pilar da educação: Aprender a conhecer. É necessário apresentar as pessoas, aos alunos, o interesse pelo mundo que o cerca, rever seus ideais e princípios. Não somente o seu mundo, formado pelas coisas que já conhece, domina e compreende (e perceba com o quarto pilar entra em prática: Aprender a Ser). Porque é sim importante moldar a visão que tem do seu próprio mundo, mas mais importante do que isso, é moldar a compreensão de outros mundos, outras culturas, outras formas de vida e ambientes. Quebrar paradigmas. É preciso causar o estranhamento, mostrar as pessoas e aos alunos, que existe mais do que apenas aquele seu mundo, do que a sua caverna, onde apenas enxerga sombras. Conhecendo o novo, o diferente, convivendo com as diferenças, fará com que as pessoas reinventem o seu mundo, que quebrem os seus padrões culturais, religiosos e tornem-se assim, bebês, que apreciam o mundo pela primeira vez.
E isso me lembra de outras duas frases: “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” (Rousseau) e “Só sei que nada sei” (Sócrates). Quando conseguirmos quebrar nossos paradigmas e rever o mundo como bebês, perceberemos que existe muita coisa que achávamos que sabíamos, mas não sabíamos, ou, só conhecíamos um lado da história. Que na verdade, éramos impostos a acreditar, devido a nossos costumes e padrões culturais, sociais e religiosos. Então, agora poderemos nos reprogramar, poderemos reaprender a conhecer esse novo mundo, sem que sejamos novamente ‘corrompidos’. Mas de nada vale reaprender, se não colocarmos em prática o que foi aprendido. E então surge o segundo pilar da educação: Aprender a fazer. E esses pilares estão conectados de forma tão harmoniosa, que quando se aplica o segundo pilar, automaticamente se aplica o terceiro, que é Aprender a conviver com os outros. No primeiro pilar se reaprende a conhecer o mundo, no segundo pilar se aplica esses conhecimentos. Então, quando se compreende que nesse mundo existem diferenças de todos os tipos, como: cor, religião, costumes, gostos diversos na alimentação, música, vestimentas, etc... Percebe-se que cada ser humano é único e que ele merece todo respeito e valor pela sua unidade. Podemos até não aceitar ou estranhar tais padrões, gostos e tendências, é nosso direito. Mas precisamos entender que cada ser humano possui suas referências de excelências, baseados no ambiente onde viveu e vive. 
E então surge mais uma vez o quarto pilar da educação: Aprender a ser. Compreenda-se, entenda que assim como as outras 7,2 bilhões de pessoas do mundo, você também possui suas particularidades, que é único nas suas atitudes, gostos, padrões, tendências e que, assim como merece do seu próximo total aceitação e respeito por isso, também precisa aceitar e respeitar o próximo por suas particularidades, mesmo não aceitando. É preciso compreender que Aceitação e Respeito, são excelências completamente diferentes. Perceberá que suas noções de Moral, Ética e Valor, são baseadas nos ambientes em que vive, no que aprendeu com seus pais, com a escola, com seu governo, com sua religião, mas que, não necessariamente, são a verdade. Podem até ser a verdade para você, mas não pode impor como verdade para o outro. Isso é respeitar sem precisar aceitar.
O homem é um ser de caráter mutável, um ser imperfeito, um ser em processo de auto-criação, adaptação e aprendizado. O homem que iniciou esse texto, não é o mesmo homem que agora o finaliza. Existe algo a mais, tanto para quem escreveu, tanto para quem leu. O pouco de conhecimento aqui passado, reforça ainda mais as premissas dos quatro pilares da educação. No inicio éramos um homem, agora somos outro e amanhã seremos outros mais, estamos mudando, aprendendo, conhecendo. E a educação é a principal responsável para um futuro próspero, com homens mais tolerantes.
R.S.Boning

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